sábado, 11 de junho de 2016

Religião

Cantoria de viola na década de 70 era  sucesso nas fazendas sítios e periferia urbana. Os apologistas participavam pedindo motes, canções e historia sagrada. Numa cantoria nos Araçás os cantadores iniciaram as sextilhas falando de religião, vejam as estrofes inicias da dupla participante:

Primeiro cantador:
O santo que me protege
É de ferro, bronze e aço
Reza de noite e de dia 
E nunca sentiu cansaço
se ajoelha e se levanta
Não sente dor de espinhaço.

Segundo cantador:

Pois o meu é um fracasso
Velho fraco e dormioco
Reza uma vez por semana
Que pra santo é muito pouco
Vive a vida na moleza
E eu passando sufoco.


José Tavares de sousa

domingo, 17 de agosto de 2014

“Quem não é e quer ser não pensa, Pra saber que não é o que pensou”.

José Tavares de Sousa


Quem não  lembra de Hitler na Alemanha
Que queria do mundo ser o dono
Mussolini também queria um trono
Mas tiveram  uma surpresa um tanto estranha
Pois  não houve sucesso na campanha
E a tática da guerra fracassou
Nossa FEB que por la´ passou
Ainda hoje no mundo é quem tem crença
Quem não é e quer ser não pensa
Pra saber que não é o que pensou


Planejei não viver  tempo finito
Consagrar mais de vinte casamentos
Construir  120 apartamentos 
Não fiz nem uma mesa de granito
Meu casório, todo tempo com atrito.
Outro dia a danada me deixou
O garoto que eu criava, ela levou.
Deixando a cama forrada na dispensa
Quem não é e quer ser não pensa
Pra saber que não é o que pensou.


Observação:  O mote é de Sinval Ribeiro genuinamente araçazeiro, um grande poeta, autor do hino do município de São João do Rio do Peixe sua terra natal. Foi poeta repentista nos anos 60, entre os seus poemas o mais famoso tem o título de  “ Tudo passa”, bastante contado no sertão Paraibano .


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Maíra Sousa Fischer



2  horas da manhã  do dia 7 de  novembro  de  2013

   


Confesso que fiquei emocionado
Quando vi Maíra trazida pelo pai
Auxiliadora, Décio a lagrima cai
E eu avô coruja, tenso ao lado.

Tales, Denise, Isabel, alguém acena
Manu, Juliana vibram severamente
E a natureza rindo, sabiamente  
Mostrando  a áurea da filha de Milena.
   


Ser pai é muito bom. No entanto, ser avô parece-me mais do que isso. Esta razão talvez seja fruto do nosso próprio amadurecimento, a sensação de que tudo deu certo.  Ser o avô de Maíra é ser literalmente pai pela segunda vez. Para Maíra deixo o seguinte recado: Maíra, desde quando Milena anunciou a sua chegada que eu já imaginava a sua feição a sua alegria e conseguintemente a sua simpatia, dito e feito, nascestes parecendo sertaneja, forte e rígida. Desejo e acredito que você saberá ser humana, simples e decidida. Espero que o tempo permita ... gostaria de vê-la brincando e contando estorinhas .... Gostaria de recebê-la de férias na Paraíba e ouvir você afirmando: esse Brasil tem jeito estamos lutando pelo mundo mais justo e mais fraterno. Talvez falássemos até de poesia... muito embora você preferisse Mario Quintana.
 Abraços
José Tavares de Sousa   

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Sax divinal de Nedota

O Sax divinal de Nedota
Crônica do escritor e poeta Wergniaud Breckenfeld Alexandre
  
O semblante de nossa São João amanheceu mais escuro, triste e silencioso  sem ouvir os doces acordes de um Sax que fazia parte do cotidiano de nossa história. Morreu seu dono Nedota, aquele que dominava com incomparável maestria este instrumento. Partiu o velho boêmio, que tantas alegrias proporcionaram nos sambas, forrós e carnavais, com seu bocal abençoado e a sensível inclinação musical para a arte dos sons e dos ritmos, ao lado dos seus companheiros Raimundo Levina, Nego Dela, Piapai e Edmilson Sanfoneiro. A mansidão, a humildade, a desambição, e o domínio que tinha sobre sete instrumentos, fizeram deste ser tão especial, um mensageiro da nostalgia que encantava seus ouvintes e admiradores.
Ele tinha a música dentro si. Era a presença de Deus manifestada através do instrumento. Uma valsa, um bolero, um choro, um frevo ou outro estilo musical, sem utilizar a partitura, continham arranjos que somente ele realizava de forma única e irretocável, tornando-se um fenômeno que orgulhava os melhores músicos de sua terra e região.
O maestro, compositor e arranjador Natinho, esta enciclopédia de abrangência excepcional, é testemunha do que o grande Nedota era capaz de realizar, de ouvido, em qualquer gênero musical.
Quantas noites insones não animaram nossos corações com seus sopros divinais contemplando o amanhecer, através das frestas das janelas do inesquecível navarrense clube, onde os foliões embevecidos ouviam seus frevos aguardando com tristeza a chegada da ingrata quarta-feira de cinzas.
Parte o homem, e fica o legado a ser seguido pelos amantes da boa música. Onde ele estiver à alegria estará presente enaltecendo os corações dos mal amados.
Ah! Meu velho e querido amigo, não se esqueça de transmitir um forte e afetuoso abraço ao seu colega saxofonista, o saudoso Renan de Doutor Alberto. Aproveite a paz e as belezas dos jardins que um dia Eva habitou, convidando Banjim para cantar PAIXÃO DE UM HOMEM de Waldick Soriano, e reserve uma meota na nuvem mais fria que você encontrar, que em breve nos encontraremos para relembrarmos com saudade, os dobrados tocados pela banda municipal nas retretas no velho coreto e nas alvoradas ensolaradas pelas ruas empoeiradas da antiga Antenor Navarro.
Nossos profundos sentimentos à sua família!      
Aplausos musicais para o inesquecível Mestre Nedota!
É o mínimo que ele merece!

Wergniaud Breckenfeld Alexandre
          João Pessoa, 14 de janeiro de 2014.
    


domingo, 24 de novembro de 2013

Nasci sem ter esperança







                       José Tavares de Sousa


I

 Eu nasci numa fianga

Que o punho era uma trança.

Depois comprei uma rede

De varandas que balança.

Hoje eu prefiro a fianga

Pra voltar a ser criança.

II

Nasci sem ter esperança

Numa pequena  casinha

De apenas um vão coberto

Com quarto, sala e cozinha.

E uma parede separando

Os lamentos  da vizinha.

domingo, 6 de outubro de 2013

Na Casa de Zé de Sousa


Na casa de Zé  de Sousa

                                     

                                                      Autor: José Tavares de Sousa


Bem antes de Eduardo Coutinho andar nos quatro cantos do sítio Araçás, município de São João do Rio do Peixe no estado da Paraíba, na busca de registrar a cultura de uma comunidade, autenticamente nordestina, ainda não prostituída pela influência da globalização, passaram outras expedições na tentativa de conseguir textos e músicas da região para geração de canções  e modas. Todo esse esforço, provavelmente, deva-se à peculiaridade da população araçazeira. 

A comunidade de Araçás não sabe e nunca ouviu falar que na China morre anualmente 10 milhões de pessoas,  três vezes a população de todo o Estado da Paraíba. Também não sabe que aquele país gastaria cerca de 4 milhões de metros cúbicos de madeira na construção de caixões para enterrar seus mortos e utilizaria 4 mil hectares de terra agricultável nessa operação. Não há recursos naturais suficientes para atender essa demanda, portanto, os Chineses, seguindo a tradição do passado budista imperial, devem resolver essa problemática realizando a cremação dos seus mortos.

A comunidade de Araçás não tem essa informação supracitada, sabe se comunicar solidariamente, trabalhar, rezar, participar de um forró e ouvir uma cantoria de pé -de- parede.

Nos domingos e feriados, a população resgatada pelo documentário “O fim e o princípio” não se dirige ao Shopping para fazer compras e assistir filmes, permanece na localidade passeando entre  as casa dos vizinhos, contando casos  e lorotas. Participando de cantorias com duplas de violeiros que sabem cantar as coisas peculiares da região. 

Não tem conhecimento de que 38%  de mais de um milhões de domicílios do estado da Paraíba são cadastrados nos programas do governo Federal, atendendo a 1 milhão e 200 mil pessoas,  mais de um terço da população estadual, vive com renda advinda de programas assistencialistas. Do ponto de vista econômico, a Paraíba  contribui com menos de 1%  do produto interno bruto nacional.

Mariquinha, a personagem do documentário “O fim e o princípio,”  expressa a sertaneja marcada pelo próprio destino de ser viúva, não ter gostado do período que viveu com seu marido e teve a infelicidade de viver distante do seu filho que mora no estado do Pará. Deixa claro que beber uma branquinha nos dias de feira, torna-se a melhor opção da sua vida.

Bom,  o mais importante é que o sítio Araçás era tradicional na prática de Novenas e Cantorias. No mês de maio todos os dias havia novena em “Doninha”. Mas, além de novena a cantoria de viola sempre foi preferida pela maioria da população araçazeira.

Abrindo a cantoria    

 No sitio Araçás escutei  as primeiras cantorias com contadores iniciantes e profissionais. Lá escutei pela primeira vez a  canção “Serenata da Montanha”do poeta rio-grandense  Elizeu Ventania.  Nascidos no sítio Baixio do Gila:  Mozim e Deozim dois rapazes, naquela época,   cantaram  fragorosamente a canção “Serenata da Montanha”

            Na casa de Zé de Sousa e de dona Corinta se escutava cantoria,  contavam-se casos,  bebia-se cachaça na “venda”  e ouvia-se Luiz Gonzaga  através de uma vitrola de cor preta, para o funcionamento  dessa utensilio, escasso naquela região, usava-se uma manivela  a qual era utilizada para dá  corda na vitrola.

Iniciando a cantoria os artistas populares sapecaram  as seguintes estrofes:


Cantador  1

 Hoje aqui nos Araçás

O dia  tem cor de lousa

A morte levou Corinta

Depois levou Zé de Sousa.

A morte é muito ingrata

Leva marido e esposa

Cantador  2, continuou  

Eu Sei que a morte ousa

Matar  quem a gente quer bem

Mas no dia que um doido,

Levar a morte também

Ai a morte saberá

O valor que a vida tem.
Autor: José Tavares de Sousa

sábado, 5 de outubro de 2013

Eu quero para meu sertão

 Não quero ver meu sertão

Autor: José Tavares de Sousa
Não quero ver meu sertão
Com criancinha buchuda
Descalça de pés no chão
De barriguinha graúda
Que nem come nem se veste
Que nem brinca e nem estuda.

Doutor, eu não quero ajuda
Eu quero pra meu sertão
Trabalho, escola, saúde
Higiene e habitação
E entregue aos trabalhadores
Os meios de produção.