sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Maíra Sousa Fischer



2  horas da manhã  do dia 7 de  novembro  de  2013

   


Confesso que fiquei emocionado
Quando vi Maíra trazida pelo pai
Auxiliadora, Décio a lagrima cai
E eu avô coruja, tenso ao lado.

Tales, Denise, Isabel, alguém acena
Manu, Juliana vibram severamente
E a natureza rindo, sabiamente  
Mostrando  a áurea da filha de Milena.
   


Ser pai é muito bom. No entanto, ser avô parece-me mais do que isso. Esta razão talvez seja fruto do nosso próprio amadurecimento, a sensação de que tudo deu certo.  Ser o avô de Maíra é ser literalmente pai pela segunda vez. Para Maíra deixo o seguinte recado: Maíra, desde quando Milena anunciou a sua chegada que eu já imaginava a sua feição a sua alegria e conseguintemente a sua simpatia, dito e feito, nascestes parecendo sertaneja, forte e rígida. Desejo e acredito que você saberá ser humana, simples e decidida. Espero que o tempo permita ... gostaria de vê-la brincando e contando estorinhas .... Gostaria de recebê-la de férias na Paraíba e ouvir você afirmando: esse Brasil tem jeito estamos lutando pelo mundo mais justo e mais fraterno. Talvez falássemos até de poesia... muito embora você preferisse Mario Quintana.
 Abraços
José Tavares de Sousa   

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Sax divinal de Nedota

O Sax divinal de Nedota
Crônica do escritor e poeta Wergniaud Breckenfeld Alexandre
  
O semblante de nossa São João amanheceu mais escuro, triste e silencioso  sem ouvir os doces acordes de um Sax que fazia parte do cotidiano de nossa história. Morreu seu dono Nedota, aquele que dominava com incomparável maestria este instrumento. Partiu o velho boêmio, que tantas alegrias proporcionaram nos sambas, forrós e carnavais, com seu bocal abençoado e a sensível inclinação musical para a arte dos sons e dos ritmos, ao lado dos seus companheiros Raimundo Levina, Nego Dela, Piapai e Edmilson Sanfoneiro. A mansidão, a humildade, a desambição, e o domínio que tinha sobre sete instrumentos, fizeram deste ser tão especial, um mensageiro da nostalgia que encantava seus ouvintes e admiradores.
Ele tinha a música dentro si. Era a presença de Deus manifestada através do instrumento. Uma valsa, um bolero, um choro, um frevo ou outro estilo musical, sem utilizar a partitura, continham arranjos que somente ele realizava de forma única e irretocável, tornando-se um fenômeno que orgulhava os melhores músicos de sua terra e região.
O maestro, compositor e arranjador Natinho, esta enciclopédia de abrangência excepcional, é testemunha do que o grande Nedota era capaz de realizar, de ouvido, em qualquer gênero musical.
Quantas noites insones não animaram nossos corações com seus sopros divinais contemplando o amanhecer, através das frestas das janelas do inesquecível navarrense clube, onde os foliões embevecidos ouviam seus frevos aguardando com tristeza a chegada da ingrata quarta-feira de cinzas.
Parte o homem, e fica o legado a ser seguido pelos amantes da boa música. Onde ele estiver à alegria estará presente enaltecendo os corações dos mal amados.
Ah! Meu velho e querido amigo, não se esqueça de transmitir um forte e afetuoso abraço ao seu colega saxofonista, o saudoso Renan de Doutor Alberto. Aproveite a paz e as belezas dos jardins que um dia Eva habitou, convidando Banjim para cantar PAIXÃO DE UM HOMEM de Waldick Soriano, e reserve uma meota na nuvem mais fria que você encontrar, que em breve nos encontraremos para relembrarmos com saudade, os dobrados tocados pela banda municipal nas retretas no velho coreto e nas alvoradas ensolaradas pelas ruas empoeiradas da antiga Antenor Navarro.
Nossos profundos sentimentos à sua família!      
Aplausos musicais para o inesquecível Mestre Nedota!
É o mínimo que ele merece!

Wergniaud Breckenfeld Alexandre
          João Pessoa, 14 de janeiro de 2014.
    


domingo, 24 de novembro de 2013

Nasci sem ter esperança







                       José Tavares de Sousa


I

 Eu nasci numa fianga

Que o punho era uma trança.

Depois comprei uma rede

De varandas que balança.

Hoje eu prefiro a fianga

Pra voltar a ser criança.

II

Nasci sem ter esperança

Numa pequena  casinha

De apenas um vão coberto

Com quarto, sala e cozinha.

E uma parede separando

Os lamentos  da vizinha.

domingo, 6 de outubro de 2013

Na Casa de Zé de Sousa


Na casa de Zé  de Sousa

                                     

                                                      Autor: José Tavares de Sousa


Bem antes de Eduardo Coutinho andar nos quatro cantos do sítio Araçás, município de São João do Rio do Peixe no estado da Paraíba, na busca de registrar a cultura de uma comunidade, autenticamente nordestina, ainda não prostituída pela influência da globalização, passaram outras expedições na tentativa de conseguir textos e músicas da região para geração de canções  e modas. Todo esse esforço, provavelmente, deva-se à peculiaridade da população araçazeira. 

A comunidade de Araçás não sabe e nunca ouviu falar que na China morre anualmente 10 milhões de pessoas,  três vezes a população de todo o Estado da Paraíba. Também não sabe que aquele país gastaria cerca de 4 milhões de metros cúbicos de madeira na construção de caixões para enterrar seus mortos e utilizaria 4 mil hectares de terra agricultável nessa operação. Não há recursos naturais suficientes para atender essa demanda, portanto, os Chineses, seguindo a tradição do passado budista imperial, devem resolver essa problemática realizando a cremação dos seus mortos.

A comunidade de Araçás não tem essa informação supracitada, sabe se comunicar solidariamente, trabalhar, rezar, participar de um forró e ouvir uma cantoria de pé -de- parede.

Nos domingos e feriados, a população resgatada pelo documentário “O fim e o princípio” não se dirige ao Shopping para fazer compras e assistir filmes, permanece na localidade passeando entre  as casa dos vizinhos, contando casos  e lorotas. Participando de cantorias com duplas de violeiros que sabem cantar as coisas peculiares da região. 

Não tem conhecimento de que 38%  de mais de um milhões de domicílios do estado da Paraíba são cadastrados nos programas do governo Federal, atendendo a 1 milhão e 200 mil pessoas,  mais de um terço da população estadual, vive com renda advinda de programas assistencialistas. Do ponto de vista econômico, a Paraíba  contribui com menos de 1%  do produto interno bruto nacional.

Mariquinha, a personagem do documentário “O fim e o princípio,”  expressa a sertaneja marcada pelo próprio destino de ser viúva, não ter gostado do período que viveu com seu marido e teve a infelicidade de viver distante do seu filho que mora no estado do Pará. Deixa claro que beber uma branquinha nos dias de feira, torna-se a melhor opção da sua vida.

Bom,  o mais importante é que o sítio Araçás era tradicional na prática de Novenas e Cantorias. No mês de maio todos os dias havia novena em “Doninha”. Mas, além de novena a cantoria de viola sempre foi preferida pela maioria da população araçazeira.

Abrindo a cantoria    

 No sitio Araçás escutei  as primeiras cantorias com contadores iniciantes e profissionais. Lá escutei pela primeira vez a  canção “Serenata da Montanha”do poeta rio-grandense  Elizeu Ventania.  Nascidos no sítio Baixio do Gila:  Mozim e Deozim dois rapazes, naquela época,   cantaram  fragorosamente a canção “Serenata da Montanha”

            Na casa de Zé de Sousa e de dona Corinta se escutava cantoria,  contavam-se casos,  bebia-se cachaça na “venda”  e ouvia-se Luiz Gonzaga  através de uma vitrola de cor preta, para o funcionamento  dessa utensilio, escasso naquela região, usava-se uma manivela  a qual era utilizada para dá  corda na vitrola.

Iniciando a cantoria os artistas populares sapecaram  as seguintes estrofes:


Cantador  1

 Hoje aqui nos Araçás

O dia  tem cor de lousa

A morte levou Corinta

Depois levou Zé de Sousa.

A morte é muito ingrata

Leva marido e esposa

Cantador  2, continuou  

Eu Sei que a morte ousa

Matar  quem a gente quer bem

Mas no dia que um doido,

Levar a morte também

Ai a morte saberá

O valor que a vida tem.
Autor: José Tavares de Sousa

sábado, 5 de outubro de 2013

Eu quero para meu sertão

 Não quero ver meu sertão

Autor: José Tavares de Sousa
Não quero ver meu sertão
Com criancinha buchuda
Descalça de pés no chão
De barriguinha graúda
Que nem come nem se veste
Que nem brinca e nem estuda.

Doutor, eu não quero ajuda
Eu quero pra meu sertão
Trabalho, escola, saúde
Higiene e habitação
E entregue aos trabalhadores
Os meios de produção.
                                               

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O jumento


 José Tavares de Sousa 


O Jumento é animal sagrado, vários poetas já disseram. Zé Clementino, Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga entre outros  cantaram e decantaram    estrofes  homenageando esse animal  de mil utilidades no sertão.

O Padre Antônio Batista Vieira nascido no  município de Várzea Alegre, Ceará, escreveu em 1964 o livro “O Jumento, nosso irmão” chegando a fundar o Clube Mundial do Jumento

A partir das últimas décadas do século XX esse Animal astucioso quase nordestino passou a perder espaço para tração mecanizada em todo o semiárido, atualmente a moto tem invadido o sertão e o jumento passou a ser esquecido. Mas, ele gigante pela própria  natureza é sempre  um animal feliz, mesmo abandonado pelo homem, ainda é lembrado pelos sertanejos.

I
Eu admiro o jumento
Com seu jeitão de andar
Animal astucioso
Na hora de relinchar
Diz as letras vogais
Sem mínguem  lhe perguntar.

II 

Mas quando vai namorar
Não é muito inteligente,
Corre veloz  e  armado
Derruba quem estar na frente
Mostrando a mercadoria

De forma inconveniente.

EU NASCI NUMA TIPOIA