sábado, 5 de outubro de 2013

Eu quero para meu sertão

 Não quero ver meu sertão

Autor: José Tavares de Sousa
Não quero ver meu sertão
Com criancinha buchuda
Descalça de pés no chão
De barriguinha graúda
Que nem come nem se veste
Que nem brinca e nem estuda.

Doutor, eu não quero ajuda
Eu quero pra meu sertão
Trabalho, escola, saúde
Higiene e habitação
E entregue aos trabalhadores
Os meios de produção.
                                               

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O jumento


 José Tavares de Sousa 


O Jumento é animal sagrado, vários poetas já disseram. Zé Clementino, Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga entre outros  cantaram e decantaram    estrofes  homenageando esse animal  de mil utilidades no sertão.

O Padre Antônio Batista Vieira nascido no  município de Várzea Alegre, Ceará, escreveu em 1964 o livro “O Jumento, nosso irmão” chegando a fundar o Clube Mundial do Jumento

A partir das últimas décadas do século XX esse Animal astucioso quase nordestino passou a perder espaço para tração mecanizada em todo o semiárido, atualmente a moto tem invadido o sertão e o jumento passou a ser esquecido. Mas, ele gigante pela própria  natureza é sempre  um animal feliz, mesmo abandonado pelo homem, ainda é lembrado pelos sertanejos.

I
Eu admiro o jumento
Com seu jeitão de andar
Animal astucioso
Na hora de relinchar
Diz as letras vogais
Sem mínguem  lhe perguntar.

II 

Mas quando vai namorar
Não é muito inteligente,
Corre veloz  e  armado
Derruba quem estar na frente
Mostrando a mercadoria

De forma inconveniente.

EU NASCI NUMA TIPOIA



sábado, 5 de janeiro de 2013

Maria de Jesus


Maria de Jesus
 José Tavares de sousa


Por que cedo pegaste a tua cruz,
Deixando-nos sem a tua companhia?
Será  que foi teu nome que dizia
Que tu eras a Maria de Jesus?


 Não,  santa Maria. Luz
Tu sempre tinhas  de sobra
Penso que Deus, fez manobra.
Para tê - la  junto de Jesus.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quero me alfabetizar


Quero me alfabetizar      

 Autor:Jose Tavares de Sousa

Eu, um caboclo da roça
nsascido no meio do mato

Criado como batata

Que não tem regra de fato

Qual jerimum de vazante

Pescoçudo e fundo chato

 

E eu nascido no mato

Tive uma infância opaca

Amansando burro brabo

Tirando leite de vaca

Bebendo o leite, mugido

Pra curar minha ressaca

 

Batendo grampo em estaca

De pé-de-bode no peito

Roçando o mato crescido

Jurema cortei no jeito

No cabo da roçadeira

Eu era o boca de eito

 

Mas é falta de respeito

Sem ter casa pra morar

E a carteira de trabalho

Ninguém mais quis assinar

E eu feito arigó do mato

Sem saber a quem cobrar

 

Quero me alfabetizar

De estudar eu careço

Por não conhecer as coisas

Tenho pago um caro preço

Igual um escravo branco

Sem saber quanto mereço

 

Doutor, sei que careço

Que a escola mostre outra face

E que diga ao povo humilde

Que o problema é de classe

Uns nascem já dominados

Pra dominar, outro nasce

 

 

Eu quero ver minha classe

Sem ter discriminação

Trabalho, escola, saúde

Higiene e habitação

E entregue aos trabalhadores

Os meios de produção

 

Não quero ver meu sertão

Com criancinha bochuda

Descalça, de pés no chão

De barriguinha graúda

Que nem como nem se veste

Nem trabalha e nem estuda

 

Doutor, eu não quero ajuda

Nem assistencialismo

A escola tem que sair

Do seu academicismo

Sem ministrar EPB

Moral e nem catecismo

 

Abaixo o academicismo

E deixe o povo pensar

A escola é para todos

A educação popular

Mostrem quem é explorado

E o que fazer pra mudar

 

A escola tem que ensinar

À criança escovar dente

O homem fazer política

Mulher ser independente

E não deixar a pobreza

Ser mais subserviente

 

Tem que ser mais competente

Mostrar o certo e o errado

Doutor me ensine a contar

Pra não ser mais enganado

Pelo patrão e patroa

Que pagam pouco e atrasado

 

 

Não quero ser enganado

Com medalha e com troféu

Dizendo que pobre é vítima

Falando que rico é réu

Que rico vai pro inferno

E pobre é que vai pro céu

 

Doutor guarde esse seu céu

Que nele eu não quero entrar

Analfabeto político

Quero me alfabetizar

E se não for desse jeito

Não vou me matricular

sábado, 15 de setembro de 2012

Quem não é e quer ser sem ser, não pensa

Quem não é e quer ser sem ser, não pensa
Pra saber que não é o que pensou”




Quem não lembra de Hitler na Alemanha
Que queria do mundo ser o dono.
Mussolini também queria um trono
Mas tiveram uma surpresa um tanto estranha.
Pois não houve sucesso na campanha
E a tática da guerra fracassou.
Nossa “FEB” que por la´ passou
Ainda hoje no mundo é quem tem crença.
Quem não é e quer ser sem ser, não pensa
Pra saber que não é o que pensou”


domingo, 17 de junho de 2012

Recado à Minha Mãe




 Recado a minha mãe 
Autor: José Tavares de sousa 

Meu Deus, você veio sorrateiramente
Pegou a minha mãe e a levou consigo
Você não é meu Deus nem meu amigo,
Não posso acreditar n’ Deus que mata gente

Mas, como católico, apostólico e carente
De amor materno, afeto... bênção, eu digo
Cuide de minha mãe em seu último abrigo
Aqui eu fico, com a saudade, eternamente.

Lá na casa divina, abra a porta da sala
Pergunte por mamãe, diga que quer visitá-la!
Pegue na sua mão e ande pelo jardim

Converse com ela, fale silenciosamente
Diga que sou o meninão de antigamente
E pode me chamar, quando precisar de mim.

           Araçás, 13 de maio de 2012.

                    José Tavares de Sousa